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Visita à Farmácia

1820

Cenário 1 de 3

Ilustração do interior de uma farmácia de 1820 com prateleiras que vão do chão ao teto com frascos de diferentes tamanhos e tipos. Há três homens brancos sentados à mesa no lado esquerdo, e à direita um homem branco retira um frasco de uma das prateleiras.  Dentro da farmácia há uma divisória baixa, toda ornamentada, com uma porta aberta e um homem negro descalço que está em pé e coloca a mão direita sobre a divisória.
Atendimento à saúde
Até o início do século 19, as classes mais abastadas buscavam tratamento para seus incômodos nas boticas. Esses estabelecimentos tinham como figura central os boticários, detentores de conhecimento prático sobre a preparação de xaropes, emulsões e cataplasmas – os remédios da época. Os ingredientes e o modo de manipulá-los eram passados de boticário experiente a pupilo, já que ainda não havia escolas de Farmácia no Brasil.
Política e jogatina
O boticário era figura de referência na sociedade do período, não apenas por ser considerado um intelectual, mas por seu poder de influência no contato com a clientela. A botica era frequentada por bacharéis, militares, clérigos e pela elite econômica – um local de atendimento à saúde, mas também de reuniões sociais e, evidentemente, de discussões políticas.
O fazer do boticário
A flora brasileira era o principal recurso dos boticários em suas preparações. Ouvindo as queixas trazidas ao seu balcão, partiam ao processo de maceração, cozimento e dissolução de folhas, raízes, sementes e essências – receitas, hoje, curiosas, como ouvimos do boticário.
Remédios caseiros
A maior parte da população, no entanto, não tinha acesso às preparações das boticas, cuja clientela abrangia somente as elites urbanas. E mesmo os moradores do Rio de Janeiro, São Paulo, Recife ou Ouro Preto – mas sem dinheiro suficiente – tratavam-se com remédios caseiros. Os escravos, evidentemente, incluíam-se nesta prática e sabiam de cor as mezinhas.

1910

Cenário 2 de 3

Foto em preto e branco do interior de uma farmácia de 1910 com armários com portas de vidro que vão do chão até o teto. No centro, há uma estação de manipulação de remédios e uma escrivaninha. Há seis homens no interior vestidos com jalecos e um deles está no alto de uma escada encostada no armário, e outro homem está vestido com terno e gravata borboleta.
Produtos próprios
No início do século 20, a novidade foi a criação de linhas de produtos próprios, desenvolvidos pelos farmacêuticos das Casas. Nesse momento, surgiram itens que se tornaram clássicos – até hoje buscados nas prateleiras.
Farmácias já tradicionais
No Rio de Janeiro dos anos 1900, ao menos duas farmácias concorriam pela clientela na rua Direita, a área de comércio mais nobre da cidade. Tanto a Casa Granado quanto a Silva Araújo tinham longa tradição (fundadas nos anos 1870), e conquistaram a confiança dos clientes não apenas manipulando medicamentos, mas importando produtos de toalete da Europa.
Manipulação sofisticada
A manipulação de medicamentos já operava com técnicas bastante avançadas e grande conhecimento sobre as substâncias ativas – inclusive de sua estrutura química. A criação das escolas de Farmácia, na segunda metade do século 19, permitiu que os farmacêuticos tivessem formação acadêmica e pudessem produzir uma gama maior de drogas nos laboratórios, localizados nos fundos das lojas.
Os famosos almanaques
Bem como as boticas, as farmácias eram pontos de encontro – agora de profissionais da saúde, como médicos, farmacêuticos e estudantes. Eles frequentavam o estabelecimento para debater casos de pacientes e aviar medicamentos para a sua clínica. O protagonismo das farmácias na saúde (e o interesse publicitário) fez com que passassem a editar almanaques farmacêuticos em tipografias próprias, verdadeiros sucessos editoriais.

1950

Cenário 3 de 3

Foto em preto e branco do interior de uma farmácia de 1950 com armários com portas de vidro que vão do chão até o teto. Há três balcões de atendimento com parte da sua estrutura em vidro para mostrar mais medicamentos. Há homens e mulheres atrás e na frente dos balções comprando e vendendo produtos.
O domínio dos industrializados
No período do Pós-guerra, a indústria farmacêutica estrangeira chega com força ao Brasil, compra laboratórios nacionais e acelera uma transformação já em curso: a substituição dos medicamentos manipulados por industrializados. Produzidos em grande parte com substâncias sintéticas e tecnologias mais avançadas, esses remédios passaram a predominar nas farmácias. Se nos anos 1930, um a cada quatro medicamentos consumidos vinha da indústria, nos anos 1950, esse número passa a três.
Xaropes fortificantes
Mesmo com a chegada de antibióticos e outros remédios industrializados, alguns medicamentos tradicionais não saíram de uso. Tinham grande procura nas farmácias os fortificantes Biotônico Fontoura e Emulsão de Scott, o xarope para tosse Bromil e a pomada cicatrizante Boro Borácica. A partir dos anos 1960, entram no mercado a pílula anticoncepcional e o Engov.
O novo papel do farmacêutico
Os farmacêuticos, antes ocupados em manipular e aviar receitas, passaram a trabalhar mais no sentido de orientar os clientes quanto à escolha do medicamento adequado e de esclarecer dúvidas, como a forma de ministração de um remédio, por exemplo, em situações como a que ouvimos a seguir.
Público feminino
A ênfase da publicidade de muitos produtos farmacêuticos passou da saúde para o cuidado com o corpo – de remédio a perfumaria. As mulheres, antes em minoria nas farmácias, conquistaram mais independência e espaço para investir em si e em sua beleza. Os cosméticos começaram a dominar as prateleiras em embalagens luxuosas, e a higiene pessoal era vendida como condição para conquistar status e até casamento – ao menos era o que apregoavam as peças publicitárias.
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