Cocaína

Arte com a ilustração de uma menina com um vestido vermelho e avental branco, chapéu na cabeça e um graveto em uma das mãos, em pé,  e ao seu lado um menino abaixado construindo uma casa com gravetos. Ao fundo, há uma casa rodeada por árvores e com uma cerca na frente com o texto em inglês "Cocaine toothache drops. Instantaneous cure! Price 15 cents. Prepared by the Lloyd Manufacturing Co. 219 Hudson Ave., Albany, N. Y. For sale by all Druggists. (Registered March 1885.) See other side."
Foto de um ramo de folhas de planta coca
Representação da molécula de cocaína

Nome da molécula: cocaína

Classificação química: alcaloide

Onde a molécula é encontrada: folhas de coca (Erythroxylum coca), um arbusto chamado de kuka no idioma quíchua.

Origem: Bolívia e Peru.

Aplicação terapêutica: anestésico local para procedimentos cirúrgicos na boca, nariz ou laringe. A molécula também serviu como modelo para o desenvolvimento de um grande número de anestésicos locais semissintéticos usados atualmente e que apresentam maior estabilidade química, com diminuição dos efeitos colaterais.

Breve histórico do uso da molécula: a folha de coca é consumida há centenas de anos por povos da Bolívia, do Peru e do Equador, onde tem sido usada como estimulante, redutor de apetite e anestésico. Mascada ou bebida como chá, os seus alcaloides são liberados lentamente e em pequenas quantidades, o que elimina o efeito viciante ou psicotrópico. Os espanhóis a levaram à Europa no século 16. Em meados do século 19, época em que a cocaína foi isolada, a substância foi usada de diversas formas. Uma famosa bebida desse período é o vinho Mariani (também chamado, em inglês, de cocawine), feito à base de Bordeaux e extrato de folha de coca. Era vendido como tônico e ganhou bastante notoriedade, tendo o papa Leão XIII como um de seus garotos-propaganda. Curiosamente, o precursor do refrigerante Coca-Cola era uma modalidade de cocawine, o French Wine Coca. Com a alta do preço do vinho Bordeaux, no entanto, seu criador substituiu o vinho pelo extrato de noz de cola, rico em cafeína. Depois de algumas adaptações, o resultado foi um xarope de cor escura, indicado maliciosamente para uma série de males, como enxaqueca, fadiga e melancolia. Era vendido em farmácias, onde também se consumiam água com gás e refrigerantes feitos nas chamadas soda fountains. Diz a lenda que, certa vez, um sujeito acometido por forte dor de cabeça resolveu consumir o xarope na própria farmácia, pedindo ao dono do estabelecimento que diluísse o remédio. O farmacêutico assim procedeu, mas usou água com gás para tanto. Estaria criada, assim, uma das bebidas mais consumidas da história. O alcaloide passou a ser ingrediente de diversos fármacos, de comprimidos a xaropes, e era facilmente encontrado nas farmácias, com as indicações mais variadas. Ainda no século 19, Freud prescrevia cocaína a seus pacientes e ele próprio a consumia, inclusive como analgésico para aplacar a dor de um tumor na boca. Karl Koller, um oftalmologista amigo de Freud, passou a aplicar cocaína como anestésico em cirurgias oculares, um dos pioneiros a contemporaneamente fazer tal uso da substância. À medida que se descobriam os efeitos nocivos do consumo da droga, seu uso terapêutico ficou restrito à aplicação como anestésico. Ainda hoje é usada dessa forma, principalmente em cirurgias nasais e do duto lacrimal, embora novos fármacos sintéticos sejam mais utilizados.

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