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ESTRICNINA

Foto em close de sementes, frutos e ramos da planta noz vômica Foto de uma porção de sementes da planta noz vômica sobre uma superfície branca Representação da molécula de estricnina

Nome da molécula: estricnina

Classificação química: alcaloide

Onde a molécula é encontrada: sementes de plantas do gênero Strychnos, principalmente noz-vômica (Strychnos nux-vomica).

Origem: Índia e Sudeste Asiático.

Aplicação terapêutica: atualmente, a estricnina não é usada para fins terapêuticos, mas por algum tempo se acreditou que ela pudesse ser uma poderosa arma para o tratamento de várias doenças.

Breve histórico do uso da molécula: Adoniran Barbosa, em sua célebre canção “Tiro ao Álvaro”, já dizia que “teu olhar mata mais do que bala de carabina, que veneno estriquinina (sic)”. Com efeito, a reputação do alcaloide é de poderosa e temida substância mortífera, usada principalmente como raticida, mas também em célebres homicídios. As vítimas intoxicadas morrem asfixiadas, em decorrência da paralisação dos músculos que controlam a respiração. No entanto, já houve épocas em que a estricnina foi tida como um dos mais poderosos remédios que já existiram – ou, ao menos, que poderiam existir. A molécula foi isolada em 1818 e, entusiasmados com os sucessos terapêuticos obtidos pelo quinina (outro alcaloide com propriedades notáveis), os cientistas esperavam que a estricnina pudesse ser uma panaceia para várias patologias. Afinal, ela era a única substância a ter tamanho poder sobre o sistema nervoso central, lembrando os efeitos de um forte choque elétrico sobre o corpo. Passou então a ser usada, em doses reduzidíssimas, para constipação, paralisia, distúrbios do sono, antídoto contra picadas de cobra, afrodisíaco e estimulante cardíaco, respiratório e digestivo. Em 1896, um médico relatou em uma revista científica a sua própria experiência com a droga: uma mistura de estricnina com brometo de potássio o fez cair em um sono profundo, após o qual despertou incólume, sem nenhuma dor de cabeça ou outro incômodo, mas apenas com um forte desejo de se movimentar. Em 1904, aliás, a substância foi usada por um maratonista que pretendia aumentar seu rendimento, episódio tido como o primeiro caso de doping em jogos olímpicos. De todo modo, ao cruzar a linha de chegada (em segundo lugar), o atleta teve uma convulsão. No decorrer das décadas, foi-se então percebendo que os almejados efeitos sobre a saúde eram mais imaginação científica do que realidade. Hoje a estricnina não apenas não é usada pela indústria farmacêutica como também é proibida em vários países, inclusive como raticida. No entanto, pesquisas preliminares têm demonstrado que um criterioso tratamento com esse alcaloide pode ser eficaz contra síndrome hiperosmolar não cetótica, uma rara doença metabólica.

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